quarta-feira, 5 de março de 2014

Vocação - Um chamado para servir

Entendemos que o chamado divino tem duas dimensões: o chamado para a salvação e o chamado para a missão. Evidentemente, somos escolhidos para servir, porquanto todos os salvos recebem dons e talentos para desempenhar sua função no corpo de Cristo (1Co 12; Rm 12:1-8). Porém, para o exercício dos dons ministeriais, há uma vocação específica: a vocação ministerial para uma dedicação exclusiva, segundo os dons ministeriais elencados em Efésios 4:11.
Deus continua chamando, porque seu desejo é que todas as raças, tribos, povos e nações ouçam a mensagem salvadora. Como ouvirão se não forem enviados?

1. Vocação é um chamado divino
    Deus é quem chama, quem se antecipa. É ele quem vai permanentemente ao encontro do homem e segue à frente dele. Vocação é iniciativa de Deus, é uma ação de sua soberania. A Jeremias Ele disse: “Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci e antes que saísses da madre, te consagrei e te constituí profeta às nações” (Jr 1.5). Nossos comoventes apelos não têm o poder de convocar; isso é atribuição puramente divina. O vocacionado precisa, antes de tudo, estar bem consciente de que foi o Senhor que o chamou. Em toda a Bíblia, essa realidade é bem explícita. Ele nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz, designando-nos para proclamarmos suas virtudes (1Pd 2.9).
    O vocacionado recebe um chamamento divino pela ação da graça. Ninguém deve se sentir capaz ou concluir que o chamamento se deve a suas competências. Se o chamado é ação da graça, ocorre porque aprouve ao Soberano escolher com a santa vocação. Há aqueles que se empenham no despertamento de vocações, constrangendo as pessoas com a exposição da miséria dos povos, usando dados estatísticos impressionantes; no entanto, “...há uma carência tremenda do despertamento promovido pela graça e de uma postura de coração aberto, no que diz respeito ao trabalho com missões.” Paulo relembra a Timóteo: “Deus nos salvou e nos chamou com santa vocação, não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus” (2Tm 1.9).

    2. O chamado e as evidências da vocação

    O vocacionado recebe a confirmação do chamado sob a direção do Espírito Santo, que, passo a passo, sinaliza esse ato. Ao responder ao chamado, ele deve buscar as seguintes evidências:

    Convicção interior dada pelo Espírito Santo 
    O Espírito Santo trabalha no coração, pondo o desejo, uma busca do sonho, como um atleta que ambiciona cruzar a linha de chegada. É esta a aspiração que todo vocacionado deve expressar, como escreveu Paulo: “Se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja” (1Tm 3.1). Ela é latente no espírito vocacional e tão comprometedora, que faz Paulo exclamar: “Ai de mim se não pregar o Evangelho”! Chega-se à conclusão de que a vida não tem sentido se não é cumprida a missão. “O Apóstolo, olhando para dentro do próprio coração, vendo seus conflitos e a guerra contra a carne, lançou seu grito. Tornava público aquilo que, testificado pelo Espírito a seu espírito, impulsionava-o a ser apóstolo dentre os gentios, o missionário pioneiro.” Como já foi dito, o Espírito trabalha na consciência de cada um, dado-lhe a certeza de que houve um chamamento divino, do qual uma compulsão interior conduz a pessoa a uma convicção plena. Tal fato é a sensibilidade do coração disposto a ouvir e atender à voz de Deus pela ação forte do Espírito Santo.
    Podemos ouvir muitas vozes nos incentivar a obedecer ao chamado, às vezes a do pastor, a do amigo ou uma leitura que nos impulsionou a nos entregarmos à obra missionária. Mas é necessário provar, com a habilidade do maestro que pode sentir qualquer som fora da harmonia da orquestra, que de fato é Deus quem está falando. Spurgeon aconselha: “Não entre no ministério enquanto não fizer profunda sondagem e prova de si próprio quanto à vocação.”

    Confirmação da igreja local
    A Igreja, mediante seus membros escolhidos por Deus, cumpre a Grande Comissão que lhe foi dada. O vocacionado recebe a convocação do Supremo Comandante e sai para cumprir a tarefa que lhe foi confiada. Mas não vai sozinho, porque a Igreja é uma corporação de que ele faz parte, a qual deve apoiá-lo, prover o sustento e acompanhá-lo desde o preparo até o cumprimento da missão.Primeiramente, deve assumir o compromisso de ser uma bênção na própria igreja local, servindo com voluntariedade e disposição. “Se os cristãos não demonstram ser uma bênção, para aqueles com quem compartilham o mesmo banco durante os cultos, semana após semana, creio que não estão habilitados a pensar em nenhum tipo de programa que leve o testemunho do Evangelho aos de longe.” Em segundo lugar, o vocacionado deve assumir o compromisso de aproveitar as oportunidades para descobrir, exercitar e desenvolver os dons; a liderança deve inseri-lo no programa de atividades – condição para ele adquirir experiência. Se não ocorrer isso dentro de sua comunidade, ele não será uma pessoa experimentada para servir em outra cultura. A igreja de Antioquia reconheceu o chamado e a capacidade de Paulo e Barnabé para cumprirem a missão, porque esses eram atuantes e tinham o testemunho dos irmãos.

    A Providência Divina prepara os meios e o lugar para o exercício da missão
    Deus nos chama para uma tarefa específica e para um local específico. A dimensão da missão é mundial para a Igreja, mas para o indivíduo há uma parte que lhe é confiada. Para que isso seja levado a efeito, o Senhor mesmo provê todo o necessário: o sustento, o visto de entrada no país, oportunidades para o serviço, amizades... Ele move os céus para fazer cumpridos seus propósitos. É necessário buscar a direção divina para cada etapa da caminhada e estar atento ao mover da nuvem divina, que sinaliza o caminho. Lembro-me de uma frase sempre repetida pelo missionário Robert Harvey: “Quando Deus nos chama, ele mesmo se responsabiliza.” O Senhor das nações tem a chave para abrir as portas, mesmo em países fechados, como nossa geração pôde presenciar a entrada de missionários e o avanço da Igreja nos países que antes eram comunistas. Paulo era consciente de que a obra missionária é providência divina. Ele experimentou isso de várias formas e escreveu: “...uma porta grande e oportuna para o trabalho se me abriu” (1Co 16.9).
    Passo a passo, é possível perceber a divina mão condutora levar o chamado para cumprir a missão no lugar estabelecido pelo próprio Deus, com os recursos provindos de sua graça. “Mediante uma série gradativa de circunstâncias que apontam os meios, o lugar e o momento de entrar de fato no trabalho.”

    Habilidades necessárias para o desempenho do ministério
    Deus, quando nos chama, capacita-nos, porquanto os dons, como já foi comentado, são dados pelo Espírito Santo para o exercício da missão. Aliás, o ministério de cada um é o exercício dos dons na vocação. Os dons especiais e os talentos naturais são concedidos por Deus para serem desenvolvidos a favor da expansão do Reino eterno. Há habilidades naturais e outras aprendidas; por isso ninguém deve se dispor a ir ao campo missionário sem que primeiro se submeta ao preparo formal (acadêmico): tanto o curso teológico-missiológico como o profissionalizante; e ao preparo informal (experiências, projetos e programas).
    Louis Berkhof afirma que o chamado de Deus se manifesta também “...pela convicção que o indivíduo tem de que está, pelo menos em certa medida, intelectual e espiritualmente qualificado para o ofício em vista”.

    Testemunho exemplar de vida cristã
    Referindo-se a Timóteo, Paulo declara: “Porque a ninguém tenho de igual sentimento (...) e conheceis o seu caráter provado” (Fp 2.20-22). Todo vocacionado é submetido a testes. Isto faz parte do programa da escola da vida do Divino Mestre. Deus falará ao mundo através de seu escolhido; para aperfeiçoá-lo, o conduz a provações em que, muitas vezes, este se depara com as insinuações do diabo e com as debilidades da natureza humana. Vencendo as fraquezas, vai sendo lapidado para a expressão da glória divina no vaso de barro.
    Paulo, quando chegou à cidade de Timóteo e descobriu que este possuía bom testemunho dos irmãos, quis levá-lo consigo (At 16.2-3). “A confirmação pública de Timóteo transformou-o em uma aquisição desejável para a equipe missionária de Paulo.” A integridade moral é imprescindível àquele que se sente vocacionado.

    Paixão pelos perdidos
    É impossível cumprir a missão sem ser envolvido pelo amor de Deus. O Senhor Jesus procurou suscitar uma compaixão semelhante à sua entre os discípulos, sempre chamando a atenção deles para as multidões aflitas e para os necessitados. O Cristianismo vivido sem paixão não é capaz de impactar as nações nem de fazer diferença entre si e as demais religiões. Quando William Booth, fundador do Exército da Salvação, foi inquirido pelo rei da Inglaterra sobre qual força que dirigia a sua vida, ele respondeu: “Majestade, alguns homens têm paixão pelo ouro, outros pela fama, mas a minha paixão é pelas almas.” A obra missionária precisa de homens e mulheres possuídos pela paixão por vidas que perecem sem salvação.
    Devemos buscar as evidências da vocação para que possamos cumprir a missão recebida pelo Senhor e como o apóstolo Paulo poder declarar: “Porém em nada considero a vida por preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus.” At. 20:24.

    Extraído:http://www.institutocanzion.com.br/artigos/item/3-voca%C3%A7%C3%A3o-um-chamado-para-servir

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