terça-feira, 18 de junho de 2013

A DIREÇÃO DO ESPIRITO - Parte 01

Por Ronaldo Bezerra

"Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus" -(Rm 8.14).

Muitos cristãos pensam que a direção do Espírito consiste principalmente de uma sugestão de pensamentos para orientá-los. No caso de questões duvidosas a respeito de opinião ou dever, na escolha de mensagens ou temas das Escrituras ou na direção clara quanto à realização de um trabalho na obra do Senhor, gostariam muito de ter uma indicação do Espírito sobre o que deveriam escolher. Anseiam, suplicam por isso - porém, em vão. Quando, por vezes, acham que já receberam, não sentem a segurança, o conforto ou o sucesso que, na sua opinião, seriam os selos de algo que realmente viesse do Espírito. E, dessa forma, a preciosa verdade da direção do Espírito, ao invés de pôr fim a toda controvérsia, de ser a solução de toda dificuldade, uma fonte de conforto e força, torna-se, ela própria, uma causa de perplexidade e a maior dificuldade de todas.

Direção e Santificação
O erro vem de não aceitar a verdade que o ensinamento e a direção do Espírito são transmitidos primeiro pela Vida e não pela mente. A Vida é despertada e fortalecida, e depois se torna Luz. À medida que a conformidade a este mundo e ao seu espírito é crucificada, negando deliberadamente a vida natural e a vontade da carne, somos renovados no espírito da nossa mente, de forma que a mente é habilitada a provar e a conhecer a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Rm 12.2).

Essa ligação entre a obra prática de santificação pelo Espírito e a direção do Espírito fica muito clara no contexto da passagem citada no início deste artigo. O versículo anterior (v. 13) diz: "Se pelo Espírito mortificardes os feitos do corpo, certamente vivereis". Só depois dessa afirmação é que vem o texto: "Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus".

Em outras palavras, todos aqueles que permitem que sejam guiados pelo Espírito nessa mortificação dos feitos do corpo, esses são filhos de Deus. O Espírito Santo é o Espírito da vida santa que estava e que está em Cristo Jesus e que opera em nós como uma fonte divina de vida e poder. Ele é o Espírito de santidade e somente nessa qualidade é que nos guiará. Ser guiado pelo Espírito implica, antes de tudo, entregar-se à sua obra de convencer do pecado e de purificar alma e corpo como templo para sua habitação. Como conseqüência de habitar no nosso interior, enchendo e governando nosso coração e vida, é que o Espírito nos ilumina e guia.

"Que transbordeis de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual." É de suma importância compreender que somente a mente espiritual poderá discernir coisas espirituais e receber direção do Espírito. A mente precisa crescer espiritualmente para ser capaz de receber orientações do Espírito. Paulo disse aos coríntios que, embora nascidos de novo, eram ainda carnais, como bebês em Cristo, e, por essa razão, não podiam receber verdades espirituais. Se isso é verdade com respeito a ensinamentos que são transmitidos pelo homem, quanto mais no que se refere ao ensinamento que vem diretamente do Espírito, que procura nos conduzir a toda a verdade!

Quando o Espírito vem habitar em nós, ele fixa sua residência, não na região dos pensamentos ou sentimentos, mas lá nas profundidades, no lugar em que se encontra a própria vida, no laboratório escondido do interior, de onde procede a fonte que é capaz de moldar a vontade e o caráter. É ali que ele respira, move e impele. Sua direção é resultado da sua atuação e da disposição sobrenatural que nos leva a adotar decisões e propósitos certos.

Direção implica o seguir.

É fácil entendermos que desfrutar da direção do Espírito requer uma mente muito tratável e aberta às suas ordens. O Espírito não só é impedido pela carne como o poder que comete pecado, mas ainda mais pela carne como o poder que tenta servir a Deus. Para poder discernir o ensinamento do Espírito, a Escritura nos mostra que o ouvido precisa ser circuncidado, numa circuncisão não feita com mãos humanas, no despojar do corpo da carne. A vontade e a sabedoria da carne precisam ser temidas, crucificadas e negadas. O ouvido precisa se fechar a tudo que a carne e sua sabedoria tentem nos dizer, quer seja através de nós mesmos, quer seja através das pessoas ao nosso redor.

Continuação leia parte 02

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